domingo, 17 de junho de 2018

Fichamento de Leitura



Área do Conhecimento de Humanidades

Curso de Licenciatura em Sociologia

Disciplina: Teoria Sociológica Contemporânea

Docente: Carlos Roberto Winckler

Acadêmica: Marta Giriane dos Santos

Avaliação: Ficha de Leitura

Título; A Dominação Masculina.

Autor ou escritor; Pierre Bourdieu.

Traduzido por; Maria Helena Kühner.

Editora, ano da edição; Editora Best Bolso, 2018 - 6º Edição.

Cidade; Rio de Janeiro.

 

Biografia de Pierre Bourdieu

 

            Pierre Bourdieu, (1930-2002) foi um importante sociólogo e pensador francês, autor de uma série de obras que contribuíram para renovar o entendimento da Sociologia e da Etnologia no século XX. Pierre Félix Bourdieu (1930-2002) nasceu em Denguin, França, no dia 1 de agosto de 1930. Iniciou seus estudos básicos em sua cidade natal. Mudou-se para Paris, ingressou na Faculdade de Letras, onde cursou Filosofia, obtendo a graduação em 1954. Prestou serviço militar na Argélia (então colônia francesa). Entre os anos de 1958 e 1960, assumiu a função de professor assistente na Faculdade de Argel. De volta à França, Pierre Bourdieu foi nomeado assistente do filósofo e sociólogo Raymond Aron, na Faculdade de Letras de Paris. Filiou-se ao Centro Europeu de Sociologia, tornando-se secretário-geral em 1962. Durante as décadas de 60 e 70, Bourdieu se dedicou às pesquisas como etnólogo que revolucionaram a Sociologia. Dessas investigações sobre a vida cultural, sobre as práticas de lazer e de consumo dos povos europeus, principalmente dos franceses, resultou na publicação de “Anatomia do Gosto” (1976), e sua obra prima “A Distinção – Crítica Social do Julgamento” (1979). Em suas obras, Bourdieu tenta explicar a diversidade do gosto entre os seguimentos sociais, analisando a variedade das práticas culturais entre os grupos, afirmando que o gosto cultural e os estilos de vida da burguesia, das camadas médias e da classe operária, estavam profundamente marcados pela trajetória social vivida por cada um deles. A repercussão de suas reflexões o levou a lecionar em importantes universidades do mundo, entre eles, a universidade de Harvard e de Chicago e o Instituto Max Planck de Berlim. Em 1981 assumiu a cadeira de Sociologia no Collège de France, onde em sua aula inaugural destacou-se por propor uma crítica sobre a formação do sociólogo, propondo o que ficou identificado como “Sociologia da Sociologia”. Pierre Bourdieu foi considerado um dos mais importantes intelectuais de sua época. Tornou-se referência na Antropologia e na Sociologia, publicando trabalhos sobre educação, cultura, literatura, arte, mídia, linguística, comunicação e política. Com sua vasta produção intelectual, recebeu o título “Doutor Honoris Causa” da Universidade Livre de Berlim (1989), da Universidade Johann Wolfgang-Goethe de Frankfurt (1996) e da Universidade de Atenas (1996). Pierre Bourdieu faleceu em Paris, França, no dia 23 de janeiro de 2002.

 

 

Conceito de Habitus
 
Na obra “A Dominação Masculina”, a construção do habitus é explicada por Bourdieu da seguinte forma:  “...o produto de um trabalho social de nominação e de inculcação ao término do qual uma identidade social instituída por uma dessas 'linhas de demarcação mística', conhecidas e reconhecidas por todos, que o mundo social desenha, inscreve-se em uma natureza biológica e se torna um habitus, lei social incorporada".
Capital, na obra sociológica de Pierre Bourdieu é um conceito que discute a quantidade de acúmulo de forças dos agentes em suas posições no campo. Ele distingue, no decorrer de sua obra, quatro principais tipos de capital: o social, o cultural, o econômico e o simbólico (no qual se inclui o científico, entre outros).

Composição do livro

 O livro é composto por prefacio, preâmbulo, três capítulos, conclusão e um anexo com questões sobre o movimento gay.

           No prefacio é ressaltado e eternizado a arbitrariedade, também de forma breve é abordado os assuntos discutidos no decorrer do livro.

Em seguida o preâmbulo apresenta a logica da pesquisa de Pierre Bourdieu, onde explica sua posição de espanto em relação à ordem do mundo. Bourdieu optou por uma estratégia prática: a análise etnográfica das estruturas objetivas e formas cognitivas de uma sociedade histórica específica e androcêntrica, os Berberes da Cabília; segundo ele, uma sociedade ao mesmo tempo exótica e familiar, cujas tradições seriam paradigmáticas para as demais sociedades mediterrâneas. A análise etnográfica foi tratada por ele como instrumento para um “trabalho de sócio análise do inconsciente androcêntrico, capaz de operar a objetivação das categorias deste inconsciente”; facilitando a exploração das “categorias do entendimento” ou “formas de classificação” com as quais construímos o mundo, e realizando, portanto, uma “arqueologia objetiva” de nosso próprio inconsciente [não se trata, aqui, do inconsciente freudiano, mas de um inconsciente ligado a um trabalho de construção histórica].

No primeiro capitulo, com o titulo “Uma Imagem Ampliada” parece estar em busca de uma estratégia, procurando transformar um exercício de reflexão transcendental e visando explorar as “categorias de entendimento” ou as “formas de classificação” com as quais construímos o mundo, também aborda a incorporação de esquemas inconscientes de percepção das estruturas históricas da ordem masculina, o autor faz uma analise etnográfica das estruturas objetivas, cita ainda a visão “falo-narcísica” e “cosmologia androcêntrica”. O primeiro capítulo subdivide‐se em cinco partes. Primeiramente a “construção social dos corpos” que trata da ordem da sexualidade comparada a dois universos diferentes, sendo um deles a sociedade de Cabília.

Na segunda parte do primeiro capítulo com o subtítulo “A incorporação da dominação”, o autor apresenta uma espécie de definição social do corpo, também dos órgãos sexuais como produto de um trabalho social em construção. Já na terceira parte do primeiro capítulo “A violência simbólica” é destacada, desta forma também ressalta a dominação masculina com base numa divisão sexual do trabalho, através de estruturas sociais e de atividades produtivas e reprodutivas. Na quarta parte do primeiro capítulo ele refere-se “As mulheres na economia dos bens simbólicos” mostrando uma ordem são inseparáveis das estruturas que as produzem e as reproduzem, pois tanto nos homens como nas mulheres, e encontrando seu fundamento na estrutura do mercado dos bens simbólicos.

E com o tema “Virilidade e violência” finaliza o primeiro capítulo, ressaltando, se as mulheres que tem um trabalho de socialização que as rebaixam e humilham, fazem a aprendizagem das virtudes negativas da abnegação, da resignação e do silêncio, e os homens também estão prisioneiros da representação dominante. “O autor afirma ainda que a virilidade é uma noção relacional, construída diante dos outros homens, para os outros homens e contra a feminilidade.”

Bourdieu aponta como motivação um fenômeno, o de não haver um maior número de transgressões ou subversões, sendo a ordem do mundo grosso modo respeitada e facilmente perpetuada, juntamente com seus privilégios, injustiças e relações de dominação; dentre estas, a masculina, para ele, exemplo por excelência desta submissão paradoxal.

            O segundo capítulo “Anamnese das constantes ocultas”, dividido em três partes, inicia com a abordagem da descrição etnológica de um mundo social, construído em torno da dominação masculina que atua como um “detector” de traços infinitos e de fragmentos da visão androcêntrica do mundo. Pode - se destacar a supervalorização masculina do corpo masculino e da mesma forma a supervalorização feminina do corpo feminino determinando uma soma da relação de dominação. Lembrando a “Masculinidade como nobreza” e as condições “ideias” que a sociedade de Cabília oferecia ás pulsões do inconsciente androcêntrico, assim como a relação de causalidade circular que se estabelece entre as estruturas objetivas do espaço social e as disposições que elas produzem, tanto nos homens como nas mulheres.

            Nesta segunda parte compreende – se que “O ser feminino como ser percebido”, mostra que tudo, na gênese do habitus feminino e nas condições sociais de sua realização concorre para fazer da experiência feminina do corpo o limite da experiência universal do corpo‐para‐o‐outro. O autor enfatiza ainda que o corpo percebido é duplamente determinado e determinante socialmente.

            E encerra o segundo capítulo com “A visão feminina da visão masculina”, e ressalta que é através daquele que detém o monopólio da violência simbólica legítima dentro da família que se exerce a ação psicossomática que leva à somatização da lei. De acordo com Bourdieu, a questão principal seria a de revelar os processos responsáveis pela transformação da história em natureza, do arbitrário cultural em natural; devolvendo, assim, à diferença entre o masculino e feminino seu caráter puramente arbitrário e contingente. As aparências biológicas, conjugadas aos efeitos reais nos corpos e mentes, do “longo trabalho coletivo de socialização do biológico e de biologização do social”, seriam capazes de inverter efeitos e causas, naturalizando, assim, essa construção social. Dessa forma, segundo o autor, durante a socialização homens e mulheres incorporam - como esquemas inconscientes de percepção e apreciação - as estruturas históricas da ordem masculina; arriscando-se, portanto, ao procurar compreender o fenômeno (inclusive quando pesquisadores), a utilizar modos de pensamento que também são produtos dessa mesma dominação.

            No terceiro capítulo, o autor inicia com o tema “Permanências e mudanças”, com uma reflexão sobre a pesquisa da escritora Virgínia Woolf e de uma forma de dominação inscrita em toda a ordem social, que está composta por quatro partes as quais compreendem os seguintes temas:

            “O trabalho histórico de deshistoricização”, o qual destaca que “é preciso reconstruir a história do trabalho histórico de deshistoricização (...)”. Ressalta que a pesquisa histórica não pode se limitar a descrever as transformações da condição das mulheres no decorrer dos tempos. Na segunda parte o autor analisa “Os fatores de mudança”, apresenta e dá como positivo a mudança que consiste no fato de que a dominação masculina não se impõe mais com a evidência de algo que é indiscutível. E de todos os fatores de mudança, os mais importantes são os que estão relacionados com a transformação decisiva da função da instituição escolar na reprodução da diferença entre os gêneros. Ainda na segunda parte desse capítulo o autor traz a “Economia dos bens simbólicos e estratégias de reprodução”, evidenciando um fator importante e determinante para a perpetuação das diferenças.

            Como terceira parte do capítulo apresenta o tema “Economia dos bens simbólicos e estratégias de reprodução”, o autor argumenta de modo que, um elemento determinante da perpetuação das diferenças é a permanência que a economia dos bens simbólicos deve a sua autonomia relativa, que permite à dominação masculina nela perpetuar-se.

            Então como quarta parte “A força da estrutura”, o autor conclui e afirma que não é só na família, mas também no universo escolar e no mundo do trabalho, no universo burocrático e no campo da mídia, que deixam em pedaços a imagem fantasiosa de um “eterno feminino” para realçar o olhar focado na permanência da estrutura da relação de domínio entre os homens e as mulheres. Segundo Bourdieu, a dominação masculina também impõe pressões aos próprios dominantes; porém com desdobramentos distintos, tendo em vista que, de alguma maneira, os homens sempre podem se beneficiar com isto, “por serem, como diz Marx, ‘dominados por sua dominação’”.

            Finalmente, para encerrar esse capítulo, o autor traz algumas questões sobre a dominação e o amor através do que ele convencionou de ”POST - SCRIPTIUM”.

            Em seguida o autor faz a conclusão do livro, na qual destaca que a divulgação da análise científica de uma forma de dominação tem efeitos sociais, que podem assumir sentidos opostos, reforçar a dominação ou contribuir para neutraliza-la. Apesar das mencionadas dificuldades para uma tomada de consciência por parte de ambos os sexos, no que diz respeito aos processos da dominação masculina, Bourdieu ressalta o fato de que na atualidade já “não se impõe mais com a evidência de algo que é indiscutível”; atribuindo as mudanças ao trabalho crítico do movimento feminista, o qual conseguiu, em algumas áreas do espaço social, romper o reforço generalizado.      Para Pierre, “só uma ação política que leve realmente em conta todos os efeitos de dominação que se exercem através da cumplicidade objetiva entre as estruturas incorporadas (...) e as estruturas de grandes instituições onde se realizam e se produzem não só a ordem masculina, mas também toda a ordem social (...) poderá, a longo prazo, (...) contribuir para o desaparecimento progressivo da dominação masculina”.

            Por fim me descobri sendo muito conservadora e fiquei um tanto escandalizada acerca do estudo quase que pornográfico feito e analisado etnograficamente por Pierre, por outro lado, se tratar de sua analise divertidamente escrita, mas que comparada à sociedade e seus meios de dominação. Descobrir que etapas do sexo e o amor tem sua forma de dominação, e que comparadas à sociedade atual foi como ter a mente libertada para novas descobertas.

 

 

 

Referencias

BOURDIEU, Pierre (1998). A Dominação Masculina. Tradução: Maria Helena Kuhner. Rio de Janeiro: BestBolso, 6ª edição, 2018.

quarta-feira, 30 de maio de 2018

PLANO DE ENSINO


PLANO DE ENSINO


UNIVERSIDADE DE CAXIAS DO SUL

CENTRO DE CIÊNCIAS HUMANAS

CURSO DE LICENCIATURA EM SOCIOLOGIA

ESTÁGIO EM SOCIOLOGIA

PLANO DE ENSINO DE SOCIOLOGIA

 

1 DADOS DE IDENTIFICAÇÃO

NOME DA ESCOLA:
ANO: 2014
TURNO: NOITE
SERIE: 1º ANO
Nº DE ALUNOS: 35
CARGA HORÁRIA: 8 HORAS
PROFESSOR TITULAR:
PROFESSOR ESTAGIÁRIO:
HORÁRIO DAS AULAS: 1 PERÍODO SEMANAL
N° DE HORAS AULAS PREVISTAS PARA A UNIDADE PROGRÁMATICA: 8 horas

 

2 OBJETIVOS

Geral

Proporcionar aos estudantes o conhecimento de conceitos de ideologia, a partir de análise crítica e reflexiva,  tendo em vista evidenciar a eficácia política da ideologia na legitimação das várias formas de dominação existentes e a importância dos confrontos e de suas próprias práticas políticas e ideológicas cotidianas, tanto para manter quanto para alterar as estruturas de dominação existentes. 

Específicos

Abordar a importância da Sociologia, considerando sua origem filosófica e o contexto histórico de seu surgimento;

Identificar as concepções teóricas do termo ideologia e problematizá-las a partir da  realidade vivenciada  pelos estudantes, manifesta em enunciados do senso comum em ditos populares , opiniões e filme /documentário.

3 CONTEÚDO PROGRAMÁTICO

Importância da Sociologia: origem filosófica e contexto histórico de seu surgimento.

Concepções teóricas de ideologia.

Análise crítica e reflexiva de enunciados do senso comum através de ditos populares.

Análise crítica e reflexiva de filme documentário.

 

 4 METODOLOGIA

Aulas expositivas dialogadas

Atividades individuais

Debates

Estudos dirigidos

Filme

 

5 RECURSOS MATERIAIS

-sala de aula, quadro, giz;

-material bibliográfico;

-TV, DVD,

6 AVALIAÇÃO

2 avaliações : individual.

Critérios de avaliação:

-        frequência e participação ativa no desenvolvimento das atividades propostas;

-        apresentações orais: integração e organicidade do grupo, clareza e objetividade; criticidade;

-        produções escritas: conteúdo, sistematização, coerência, clareza, criticidade.

 

REFERÊNCIAS BLIBLIOGRÁFICAS

-Didática- A Aula Como Centro;

 

 

PLANO DE AULA

PLANO DE AULA

Aula 8: IDEOLOGIA
Objetivo: Possibilitar aos alunos um debate geral sobre o conteúdo abordado pelo professor.
Objetivo geral: Permitir aos estudantes uma reflexão sobre o trabalho com cartazes , tendo em vista uma exposição dos mesmos frente ao grupo para explicação do trabalho.
Objetivo específico: Evidenciar conceitos trabalhados e identificar nos estudantes sua capacidade crítica através dos cartazes que os grupos desenvolveram.
METODOLOGIA:
-aula dialogada
-exposição de trabalhos: cada grupo deverá explicar o objetivo  do tema do cartaz .
IDEOLOGIA: A ideologia não significa mais o que por sua etimologia deveria significar; isto é, o estudo das ideias. Passou a significar coisa bem diferente e a ter uma figura negativa e pejorativa.
Ideologia pode significar:
1) O estudo das ideias(sentido etimológico).
2) conjunto de ideias, valores, maneira de sentir e pensar de pessoas e grupos(sentido positivo).
3) ideias erradas, incompletas, distorcidas, falsas sobre fatos e a realidade(sentido crítico, ou negativo).
 Nós só vamos usar a palavra ideologia no último sentido, como uma maneira errada de ver as coisas.
 Para entender isso, é preciso ver como nós ficamos sabendo das coisas e quem é que nos diz as coisas. É preciso ver se aqueles que nos dizem as coisas não nos dizem apenas metade das coisas, ou só um jeito de ver as coisas.
Você já pensou por que você acha que é o que é?
 Quem ensinou para você as palavras? a escrita? etc.
 Nós somos em grande parte, o que os outros nos dizem, ou acham que somos. e a medida que vamos incorporando e aceitando as coisas vamos formando nossa identidade.
 Nós podemos também refletir, tomar consciência do processo de como a gente é o que é, e tentar mudar. mas em grande parte nós ficamos condicionados à influência dos outros(inclusive a definição das coisas que os outros nos deram).
 Você acha que todas as definições, todas as explicações das coisas são dadas sempre com sinceridade, procurando sempre dizer a verdade e toda a verdade?
 Será que por trás das coisas, atrás das explicações que as pessoas dão das coisas, não há algum interesse em esconder algo, em acentuar alguns aspectos e diminuir outros?
 Pois é isso que precisamos descobrir. Quem é inteligente e vivo fica sempre de olho para descobrir como as pessoas, se não chegam a mentir de fato, ao menos dizem apenas parte da verdade. Vamos dar alguns exemplos:
 Rico é aquela pessoa que soube poupar. Você acha que isso é verdade? Todos os ricos são pessoas que pouparam?
Você pode facilmente descobrir que rico é aquele que ganha muito dinheiro. se você ganha o salário mínimo, pode poupar  quanto quiser que não acaba rico nunca. Examinado melhor, a gente vai ver que grandes ricos, mesmo, são aqueles que são donos de fábricas e terras, que enriqueceram em grande parte com trabalho dos outros.
 Mas por que. então, se insiste tanto em que se deve poupar, a tal ponto que algumas pessoas acabam acreditando que é poupando que a gente fica rico?
 Primeiro, para dar uma explicação para as pessoas que tem pouco, que são pobres por que não pouparam. Ai elas ficam bem quietas e ficam sabendo que a culpa é delas mesmas.
Segundo, para que elas, apesar de pouco que tenham, ainda façam, assim ao menos, uma poupança, pois pela sua poupança muitos vão enriquecer, principalmente os donos dos bancos, cadernetas de poupança, etc.
Outra frase é: "Quem trabalha mais e melhor ganha mais", ganhando o salario mínimo pode-se dobrar as horas de trabalho mas mesmo assim não ganhará muito mais.
 Se você abrir um jornal, qualquer jornal, vai ver imediatamente muitas meias verdades, em cada página. os jornais publicam só o que querem e onde querem. o problema é que o jornal, conforme sua ideologia, seleciona o que quer, combina com o que quer e publica o que quer. E nós saímos acreditando que o jornal diz toda verdade...
 Você se perguntou se você pensa que é, porque os outros lhe botaram isso na cabeça?
Quem deu a definição de você mesmo para você? 
  Há muita gente que não sabe quem são seus pais "ideológicos", só com muita reflexão e consciência crítica você será realmente você; você será livre, você saberá por que é assim, e essa verdade o libertará.
 Você já conversou com algum favelado? se você tentar descobrir o que ele pensa dele, vai ver que a imagem que ele tem de si mesmo é bastante negativa. será que isso é verdade mesmo?  se você consegue convencer alguém de que ele não presta, vale menos, é ignorante etc... você pode dominar totalmente essa pessoa , pois ela já tá dominada "na alma", na "consciência". Essa pessoa assim definida e convencida nunca mais vai dar trabalho as outras pessoas.
Através da linguagem e da comunicação, que também são produções históricas, são transmitidas significados, representações e valores existentes em determinados grupos: é a ideologia do grupo. A reprodução ideológica se manieta através de representações que a pessoa elabora sobre si mesma, sobre outras pessoas, a sociedade, a realidade, enfim, sobre tudo aquilo a que implícita  ou explicitamente são atribuídos valores: certoerrado, bom-mau, verdadeiro-falso. 
 A ideologia está presente na superestrutura, que são as instituições políticas, jurídicas, morais. Já no plano psicológico individual, as ideologias se reproduzem em função da história da vida e da inserção específica de cada pessoa.
 No plano pessoal, o indivíduo pode se tornar consciente ao detectar as contradições entre representações que existem na sociedade ou no plano superestrutural, e as atividades específicas que ele desempenha na produção  de sua vida material.
 Há uma dominação ideológica que se dá em plano sociológico e ela é detectada pela análise das relações  existentes entre classes sociais. A dominação ideológica que se dá no plano individual é detectada na analise das instituições que prescrevem os papéis sociais, as funções de cada pessoa, e acabam determinações históricas que os tornaram membros de um mesmo grupo
O processo de conscientização se desencadeia  tanto no nível de consciência pessoal como em nível de consciência de classe. A consciência de classe é um processo grupal e se manifesta quando indivíduos conscientes de si se percebem sujeitos das mesmas determinações históricas que os tornaram membros de um mesmo grupo. Isso pode levar a um processo de conscientização de si e conscientização social. De outro lado, o indivíduo consciente de si necessariamente tem também a consciência de pertencer a uma classe.
Poderá existir um indivíduo consciente num grupo alienado, mas essa posição é dolorosa e não é sustentável por muito tempo. cedo ou tarde, ele precisará se decidir.
Livro Sociologia Crítica    Cap. 02   Pedrinho A. Guareschi

     ATIVIDADES:
 Onde a ideologia está presente em nossa sociedade (sentido das ideias erradas)?



Qual o tipo de ideologia você segue?



Você concorda ou discorda com o autor do texto? Justifique.
 

RESENHA

MODELO DE RESENHA

 
Ser companheiro em tempos de crise
Marta Giriane Dos santos
(marta_giri@hotmail.com)
Leitura e Escrita – Dra. Cristina Loff  knapp

Resumo Tempo de crise, tem por objetivo mostrar como manter a união conjugal em nossa época, procurando levar a vida de uma maneira saudável e feliz. Ressaltando a importância que pessoas dão ao casamento em meio a situações difíceis financeiramente falando, o grau de dificuldade que o ser humano encontra para relacionar-se. Utilizando o método de pesquisa bibliográfica e descrevendo fatos corriqueiros, mas que também causam desavenças, podendo até resultar em desunião. Os casamentos dos dias atuais em grande porcentagem são feitos com contrato, com acordos e somente a pequena parte por amor. O artigo descreve a evolução dos relacionamentos conjugais e suas formas de contratos com o passar dos anos até atualmente, concluindo com reflexões para parar e pensar. Primeiramente, falaremos sobre os casais de séculos passados e em seguida, como a crise afeta casais atualmente, isso em dois capítulos. 

Palavras – chave: Crise – Casamento – Atualmente


Capitulo I
Nos anos mil novecentos e alguma coisa
A investigação feita por (Daniel Sampaio – Diário dos tempos de Crise, pag. 1), sobre os motivos que levam á ruptura conjugal é um tanto interessante. Segundo Sampaio em muitos casos, os casais dizem que se mantem juntos porque de certa forma o amor foi alimentado e também aprenderam juntos um com o outro, também houve a tolerância necessária de ambos. Algo muito citado pelos casais entrevistados foi o “compromisso”, nesse ultimo termo encontra–se respeito e investimento na relação com o passar dos anos.
Os casamentos antigos eram influenciados pelas famílias e nem sempre começava com amor, na maioria dos enlaces o lado financeiro era gananciosamente tratado entre famílias e
contratado por país dos noivos, isso quando se tratava de juntar os bens financeiros de famílias. E o beijo que era dado somente depois de casados e já podemos imaginar quanto ao sexo, como era o comportamento de época, sem contar que os pretendentes ao matrimônio nem sempre se conheciam. Em uniões conjugais de epocas mais remotas a mulher era submissa ao seu marido, ficando em casa e cuidando dos filhos.
Em ocasiões de desaprovação por parte dos noivos, por alguma razão amorosa com outro pretendente a saída era a fuga, e conseguentemente sem herança financeira paterna. Nesses casos havia inclusive briga chegando até mortes. Mas um relato um tanto estranho, foi que certos acontecimentos familiares não ficavam sabendo, como brigas entre casais, viagens misteriosas e até mortes não se sabia a causa ou razão. Somente que tinha viajado ou no caso de morte, simplesmente morreu. E no caso de brigas com machucados, as pessoas se machucavam facil, nunca era descoberto que o casal brigava e um deles apanhava até ficar ematomas.
As mudanças na sociedade, na vida profissional, pessoal, familiar, acarretaram crises. 
Crise não significa deterioração, mas sim necessidade de redirecionar nosso desenvolvimento pessoal, de um grupo que fazemos parte, ou de nosso casamento. Ajustarse às transformações é um desafio, somos convidados pelas situações novas a equacionar rumos inéditos a nossa existência. Aprender como lidar com a frustração, resistir à fuga, lidar com a ansiedade e conviver com o imprevisível.
Compromisso, interesse pelo outro e capacidade de partilha são três dimensões essenciais para permanecer em conjugalidade (Daniel Sampaio).
Capitulo II
Como manter a união conjugal em nossa época
Do contrário que muitos afirmam; conviver próximos muitas horas por dia, muitos dias por semana, muitas semanas por semestres é algo maravilhoso em nossas vidas. Talvez seja a adaptação de cada casal, alguns não conseguem se aguentar muito tempo juntos, sequer trabalhar em setores próximos. (743 mil minutos de amor – Adelino Roque Filho)
O dia a dia de um casal tem grande significância quando se trata da longevidade, algo muito importante para que não desgaste o relacionamento é o diálogo, mesmo assim todo o diálogo feito, não é o suficiente para que fique tudo às claras. Assim, quando o casal não faz mais nada de novo, o relacionamento entra em uma enorme rotina, o desgaste é inevitável, nunca há novidade e os dois parecem não ter mais tempo para fazer programas a dois, como ir ao cinema, jantar fora, viajar, passear, namorar ou simplesmente conversar ao final do dia, aqui no sul acompanhado do famoso chimarrão.
Existem opções como bilhetinhos, cartões, mensagem celular, ligação telefônica e flores, são coisas para que o casamento não vire aquela rotina desgastante que vivemos do trabalho para casa, de casa para o trabalho e oi tudo bem, tchau.
Hoje os casais são motivados pela paixão e pelo amor, porém nem sempre conseguem manter a chama acesa, no fim o casamento não dura e acaba.
(https://bemcasadinhos.wordpress.com/2010/11/05/as-diferencas-entre-o-antigo-e-o
atual-casamento/)
Muitas das crises conjugais são por falta do dialogo, mas há outro vilão que é as finanças, a dívida provoca a desintegração do relacionamento familiar. À medida que cresce a dívida em casa, também aumenta a revolta e o ressentimento. Muitas vezes há discussões intermináveis, que geralmente terminam em comunicação rompida tanto verbal quanto sexualmente. As estatísticas indicam que uma grande porcentagem de divórcios ocorre devido a dificuldades financeiras. Não são muitos casamentos que podem sobreviver a uma luta prolongada com a escravidão financeira.
Além da falta de confiança, que por si só pode acabar com o relacionamento, aquele que é vítima do ciúme excessivo acaba sentindo-se mal por pensar que nada do que faz está bom, mesmo fazendo tudo certo. O casal passa a viver em um ambiente tenso que gera constantes brigas e desgaste na relação, tornam – se verdadeiros estranhos um com o outro.
O casal já não expressa o que sente, o que gosta ou não, na relação e  na cama, o que deveria mudar, motivos pelos quais está chateado, problemas no trabalho, razões que levaram à falta de apetite sexual. Além de deixar o parceiro totalmente no escuro, sem saber o que há de errado, a não verbalização de problemas deixa assuntos pendentes, o que pode gerar mágoas e ressentimentos e, aos poucos, minar a relação.
E assim o que se chamava de amor passa a ser o mais novo inimigo, acabam em brigas extensas em um tribunal. Mais uma vez acontece o jogo de interesses, a mulher querendo valores exagerados de pensão e o homem não querendo e não podendo pagar. 
Se houvesse mais diálogo poderia evitar tal coisa. Ressaltando o que falei anteriormente o dialogo é necessário e importantíssimo. É o segredo de uniões conjugais duradouras, Casar não é errado, e dependendo do casal também não é ruim, no entanto podemos ver as grandes diferenças  entre os casamentos antigos e os atuais. Com toda a certeza não é somente na tecnologia que existem revoluções, mas principalmente no comportamento humano.

Considerações finais
Para que a rotina não tome conta do relacionamento existem possibilidades de aconselhamento com psicológico ou psiquiatra para o casal. Precisa ser feito algo de imediato para que não resulte em mais uma separação. É aconselhável que, no início do tratamento, o casal estabeleça um dia na semana para sair e conversar, assim, retomar o hábito do diálogo. Mas isso é só para pegar costume. Depois, tem que ser uma conversa espontânea e frequente. Não deixar chegar a esse ponto é o desafio de hoje.




Referencias Bibliográficas
Sampaio, Daniel. – Diário dos tempos de Crise Tenório, Pr. Paulo– Atitudes Certas Na Crise
Filho, Adelino Roque – 743 mil minutos de amor








MARTA SANTOS

segunda-feira, 30 de outubro de 2017


Da divisão do suicídio social

Emile Durkheim Todas as questões expostas nas partes precedentes são parâmetros importantes na leitura e compreensão do estudo de Durkheim sobre o suicídio enquanto fenômeno social. Em primeiro lugar, temos a já mencionada construção lógico-gramatical da categoria suicídio. Ela segue rigorosamente os dois eixos fundamentais da linguagem: o paradigmático e o sintagmático. Constrói a definição útil de suicídio efetuando a composição sintagmática que percorra todas as equivalências paradigmáticas essenciais para esta definição, equivalências paradigmáticas que marcam as escolhas que incluem ou excluem os eventos que cabem na definição. Esquematicamente, temos mais ou menos os seguintes passos:

1 morte resultante de um ato perpetrado pela própria vítima;
2 morte resultante de um ato, positivo ou negativo, perpetrado pela própria vítima;
3 morte resultante, direta ou indiretamente, de um ato, positivo ou negativo, perpetrado pela própria vítima;
4 morte resultante, direta ou indiretamente, de um ato, positivo ou negativo, perpetrado pela própria vítima, que sabia que esse resultado se produziria (o que, então, pressupõe a noção de “tentativa de suicídio”, sempre que esse ato for incapaz de fazer com que a morte suceda).
 
      
                                                              https://www.youtube.com/watch?v=5o5ZdWyX5JI

                                                    

                                                 https://www.youtube.com/watch?v=nsFwY3VU2K4




quarta-feira, 18 de outubro de 2017

Resenha do Capitulo “ESPAÇO Casa, rua e outro mundo: O caso do Brasil - ”Roberto Damatta

pôr do sol em FARROUPILHA-RS
🌔⇶ Sociologia - Antropologia Clássica
  Resenha do Capitulo  “ESPAÇO
  Casa, rua e outro mundo: O caso do Brasil”
  Roberto Damatta  

A partir da versão preliminar publicada na Revista do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional, nº 19, 1984, Roberto Damatta publicou esta quinta edição(treze anos depois). Começa o autor num paralelo ao ar onde “se possa ‘ver’ e ‘sentir’ o espaço torna- se necessário situar-se”. A antropologia social “viaja” nos sistemas sociais diferentes procurando entender as variações e em muitos casos com problemas.

Citou um problema clássico “No Cairo, uma vez, fiquei perdido, pois as ruas não seguiam o mesmo padrão a que estamos habituados no Ocidente” entre outros tantos exemplos  descoberta em Tóquio, citou ainda outras questões brasileiras para poder entender a sociedade e suas relações sociais e de valores, inclusive econômicos e religiosos.

Cita ainda como é descrito em alguns lugares do Brasil endereços, citando família referencia ou algum outro detalhe social. Parafraseia Daniel P. Kidder, que residiu no Rio de Janeiro entre 1837 – 1840 comentando surpreendido os estranhos nomes dadas as ruas.

Damatta relata ainda como eram classificadas e orientadas por pontos cardeais (norte/sul; leste/oeste) e de um sistema numeral nos logradouros, isso nos Estados Unidos, do contrario “por qualquer acidente geográfico, ou , ainda, alguma característica social e/ou politica”. Nos Estados Unidos é mais difícil, por exemplo um brasileiro se localizar na cidades e estados pois lá é “mais individualizado, quantificado e impessoalizado”, mas isso não é um privilegio ‘de forasteiros’, é normal o uso por velhos habitantes de mapas.

Já nas cidades brasileiras a demarcação espacial (e social) se faz sempre no sentido de uma graduação ou hierarquia entre centro e periferia dentro e fora, voltando para os Estados Unidos a relação “centro da cidade”.

Nada é tão simples, há outras formas de ‘divisão’ de terras, onde ‘alguém’ estabelece fronteiras, “separando um pedaço de chão do outro”, nesta forma de propriedade privada, segundo o autor “tópico que faria o deleite dos evolucionistas antigos e contemporâneos, mas posso dizer que tanto o tempo (ou o temporal idade) quanto o espaço são invenções sociais.”

O autor cita ser bem complexa a questão do espaço, cita a obra ‘A montanha mágica’ de Thomas Mann em sua “reflexão detida e justa do tempo(e do espaço) como categorias básicas do espírito humano.”

“O fato é que tempo e espaço constroem e, ao mesmo tempo, são construídos pela sociedade dos homens.” Em especial o tempo que, “confundindo a nossa sensibilidade” em uma análise elaborada e sociológica. Esta construção consta em todos os sistemas sociais, chegam a se confundir em algumas sociedades. Cita o autor, utilizando de publicação de Evans-Pritchard, 1978, um grupo tribal do Sudão diferenciado na forma de contar os anos e o espaço.

Cita ainda Damatta outro grupo tribal, este do Brasil Central, que ele mesmo estudou e pesquisou. Exemplo como a referência de tempo que alguns grupos tribais dão, referenciando o passado como “isso aconteceu no tempo em que meu Geti(avô) era moço...”

Ao tecer explicações sobre este grupo tribal “nuer” e seus rituais compara aos traços puritanos(ou protestantes) que “adotaram integralmente o capitalismo com sua lógica cultural”, de formas únicas e oficiais onde “o patrão(que o compra) e pelo operário(que o vende). Damatta parafraseia Thompson, 1965, onde tempo acaba tendo “uma forma qualificável de ‘coisa’ social ou bem de consumo que, nestas civilizações, pode ser sempre e a todo momento comprado e vendido.” Continuando, segundo Thompson “as concepções de tempo eram diferenciadas e como tempo era medido por preces ou por atos naturais.”

O autor utiliza de estudos de Lívia Neves de Holanda Barbosa, segundo ela, no caso brasileiro os sábados e domingos são vistos como para juntar às famílias, enquanto que os ‘dias comuns da semana’ marcados pelo trabalho, mais ao público feminino.

Cita ainda um diferencial entre fatos de nossas vidas, como aquela prova final de português ao primeiro beijo ou da primeira dança, um nem queremos lembrar, outro eternizar. Pode-se entender que há “um sistema de lembranças diferentes.” Neste aspecto pode-se classificar como categorias sociológicas o que inventa o tempo e o espaço, em destaque as que são constantemente inventadas pela sociedade.

Há “coisas” onde “as unidades de medidas são emocionais”, cita o autor: filme, corrida de cem metros rasos, em uma peça de teatro, deixa de lado medidas universais como horas ou minutos para focar o ‘momento da emoção’ no momento final.

Damatta relembra seu texto de 1973 “Foi-se o bom tempo em que tudo transcorria sem conflitos e sem humanidade...” relacionado a texto de Edgar Allan Poe, 1839, esse relata que a vida da sua história ironicamente uma confusão.

Roberto Damatta cita ainda, evoluindo o assunto mesmo que a grande maioria das coisas são feitas para uso individual: “cinema e o teatro, avião e locais de refeições”. Mas muitos outros momentos são em duplas ou no coletivo que se manifestam “torcida, partido, público, multidão.” Há processos históricos sejam inovadores, duradouras e importantes a partir de grupos sociais.

A passagem de um grupo social para outro onde o tempo ocorre de forma concreta “e a transformação do espaço como elemento socialmente importante.”

Na modernidade onde o individualismo impera, e a sociedade fica em segundo, terceiro, quinto, décimo plano... o problema estaria no coletivo. Em contrapartida em sociedades tribais, tradicionais onde o coletivo supera o individualismo.

“Não é preciso especular muito para descobrir que temos espaços concebidos como eternos e transitórios, legais e mágicos, individualizados e coletivos.” Damatta cita também a questão política na questão de espaço. Cita ainda ele Durkheim onde a sociedade surgio antes de nós e continuará muito depois. Há uma relação entre o líder e a massa e espaços eternos como igrejas, palácios, mercados, quartéis de certa forma “num sistema fixo de valores e poder.”

Cita ainda as praças onde se encontram normalmente o palácio do governo e a igreja matriz representa uma ‘sala de visitas coletivas’ ‘teoricamente do povo’. Damatta cita ainda em seu texto, parafraseando Max Weber de colonizadores destes espaços e territórios raramente na “decorrência direta de trocas comerciais, como foi o caso de muitas cidades da Europa Ocidental.” Damatta faz comparativo com várias cidades entre elas as brasileiras, norte-americanas e as europeias, analisando algumas diferenças na estrutura espacial e comercial.

O autor da obra menciona ainda as “zonas”, “brejos”, “mangues” e “alagados” onde não são marcados pela eternidade, mas sim problemáticos e transitórios, periféricos, escondidos das partes mais nobres. Neste aspecto enfatiza que os habitantes destes locais com menos infraestrutura tem um diferencial se “entrevistarmos um brasileiro comum na casa, ele pode falar” certas coisas em casa, mas se entrevista-lo na rua são outras coisas que falaria.

O local define muito a forma de comportamento, a mesma pessoa pode se manifestar de formas muito variadas conforme o espaço(local) que está no momento que expressa seus discursos. Cita ainda, fazendo um relato do ditado popular “Faça como eu digo, mas não como eu faço.” Volta a citar Weber “na volta da sociedade para o capitalismo” houve a estabilização de uma ética. Damatta procura ampliar esta ética para outros campos, não a resumindo ao econômico.

Roberto Damatta conclui este raciocínio afirmando que há “muitos brasileiros que falam uma mesma coisa em todos os espaços sociais”, porém é demarcado pelo local a forma de agir. Afirma ainda que há certa parcialidade nas atitudes, citando outro dito no Brasil “tudo tem um outro lado”. Cita ainda o entendimento das classes “inferiores” serem baseadas no entendimento familiar, enquanto que  as leis “são os pontos focais e dominantes.”

Por outro lado, continua, o espaço casa e rua figuram diferentes atitudes, exemplificando que não se pode trocar de roupas na sala de jantar, mas que há definições onde cada coisa deve ser desenvolvida. Utiliza da publicação de John Loccock que releva o espanto de todos que visitaram o Brasil(1808 e 1818). Loccock analisou até a forma de sentar à mesa, onde mulheres de um lado e homens de  outro.

Voltando no passado com Saint-Hilaire, que nos visitou em 1816 e 1822, este cita detalhes da sala, onde as visitas ficam, fazem suas refeições, mas não conhecem o resto da casa.

Não dá para transformar a casa na rua e vice-versa, e o “sentir-se em casa” é algo muito agradável. Por outro lado o “cada um está por si” apresenta o individualismo e os direitos individuais negativos, isso seria “na rua”, pois a casa não admite contradições.

Damatta menciona que estudar a casa assemelha-se a estudar as ruas de uma cidade. Cita ainda vários autores de séculos passados e seus relatos sobre as ruas do Rio e as questões de classes sociais. Comenta ainda que essa realidade não seria muito diferente, onde há medo de ser assaltado, confundido com indigente e outros problemas nas ruas, continua durante boa parte do texto com muitos ditos populares.

O autor volta a salientar que o individualismo é a marca brasileira, e o povo, ou ser visto como “zé povinho” é algo que ninguém quer. Sendo que o diferencial pregado durante todo o texto fica entre rua, casa e “outro mundo”, onde sempre tempo o lado ‘oficial’ e o popular.

“O sistema sempre opera com a casa, a rua e o outro mundo como espaços sociais e princípios ordenadores diferenciados mas complementares da vida, os rituais serviriam como mecanismo visando à unificação geral do sistema e sempre teriam um caráter inclusivo.”

 

Podemos comparar com as atividades constantes e exaustivas da atualidade, onde se escuta o noticiário na TV, comentando algo que se passou no dia anterior no trabalho e na universidade, mantem-se contatos por redes sociais, fazendo ligações telefônicas para outros Estados(e até países) quase que simultaneamente.

Pode-se levar em conta o tempo(anos de vida), ou os momentos das refeições, dormir, reproduzir-se. Com pouca idade quase não se manifesta em casa, com o decorrer deste tempo de vida vai criando seus critérios particulares, e mais adiante a optar por outras formas de se rebelar(ou não) contra algumas coisas, seja política, religiosa, esportiva.

Damatta faz uma projeção no sentido a fazer-se compreender no sentido mais social, onde do mínimo dos mínimos de compreensão, vai aperfeiçoando seu raciocínio no campo sociológico, introduzindo as famílias e as unidades sociais como associações, partido deste ritual, a rua e o todo.

Podemos usar aqui a famosa parábola bíblica do filho pródigo, que tinha tudo em casa, desgostoso e nem imaginando a aventura que iria se meter “foi ao mundo”, após passar muita necessidade voltou à casa paterna. Com isso podemos remeter o estudo de Damatta como um comparativo interessante e detalhado de espaço e tempo, e os detalhes importantes que pode ser analisados sociologicamente.